Eu e meu amigo Alan a tempos queríamos trabalhar deuses brasileiros. Eis que chegou a hora. Ele me deu uma panela de barro, e fazer o Tucunaré a Maní para mim foi um tremendo desafio, pois daquele prato eu conhecia apenas 3 dos 7 elementos, panela não inclusa. Seguem as receitas.
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A mitologia Guarani, assim como a maioria das mitologias primitivas, tem deuses muito intensos, ligados ao bem e ao mal de forma muito direta. Jasy Jatere é um dos sete filhos de Tau (o Mal) e a índia Kerana, é um dos únicos deuses que não é um monstro. É representado como uma criança branca de olhos azuis de uns 7 anos, que anda sempre com um cajado. Jasy Jatere significa “pedaço de lua”, o que explica a cor de sua pele e olhos tão diferente dos índios. Seu papel é proteger a erva mate, e levar todas as crianças que dormem depois do almoço para o mundo dos sonhos, onde eles irão brincar até que acordem. Essa é a parte boa. A parte ruim é que quem não dorme ele sequestra e leva seu irmão canibal, o Ao Ao. O cajado do Jasy Jatere é mágico, e quem conseguir pegá-lo tem direito a um desejo.
A receita que fizemos de entrada é uma homenagem ao mundo dos sonhos do Jasy. Sempre lembrando que a brincadeira principal é captura-lo e conseguir seu cajado.
Esse deus é o que deu origem ao mito do Saci Pererê.
Banana de Sonho
Ingredientes:
Pimentão vermelho e pimentão amarelo
Repolho
Bacon fatiado
Bananas
Sal
Pimenta
Erva mate
Mel
Corte as bananas em fatias grossas. Enrole-as com o bacon e prenda com um palito de dente. Faça umas 20 desses enrolados.
Corte o alho poró em tiras grandes, e faça uma rede com eles. Use sua imaginação, mas se não quiser capturar o Jasy, então não precisa da rede.
Pegue uma bandeja e forre o interior com a erva mate, que irá defumar os outros ingredientes. Faça com papel alumínio uma outra assadeira menor, pra encaixar na assadeira maior, e coloque a rede de alho poró dentro dela. Em cima do alho poró coloque os enrolados de bacon e banana, depois espalhe os pimentões e o repolho cortado em pedaços grandes por cima de tudo. Jogue sal e pimenta. Cubra a assadeira com outro papel alumínio e coloque no forno por meia hora.
Depois de meia hora, veja se o bacon está pronto. Se já estiver, ótimo. Se não estiver, retire somente os enrolados e coloque em outra assadeira, depois no forno até que fique pronto. Retire os pimentões, o alho poró e o repolho que já estão assados e reserve. Ferva a bandeja falsa de papel alumínio para retirar o caramelizado, que será o molho desse prato. Bata todo o caramelizado (obviamente sem o papel alumínio) com mel, tempere com pimenta e quaisquer outros temperos que preferir. Junte tudo e está pronto.
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Um belo dia, uma índia de uma tribo da Amazônia apareceu grávida. O pai da moça queria saber quem era o pai da criança, mas a moça nunca contava. Então Tupã apareceu para o pai num sonho e disse que a criança seria um presente pra ele (Tupã é o raio, que é o modo com que o deus Ñamandu se comunica com seus filhos). Então nasceu uma criança, de nome Maní, e todos gostavam dela. Mas ela morreu depois de um ano, e a tribo começou a regar todos os dias sua sepultura, até que nasceu uma planta, e sua raiz, onde Maní estava enterrada, é a oca de Maní, ou Manioca (mandioca). Até hoje a mandioca é usada como base alimentar de índios e de muitos outros brasileiros.
Tucunaré a Maní
Ingredientes:
· 1 cebola media cortada em cubos
· 1 talo de alho-poró (parte branca)
· Azeite de dendê
· 1 pacote de filé de tucunaré
· 3 mandiocas fervidas
· 2 vidros de leite de coco
· Tempero cajun.
Modo de preparo:
Se tiver uma panela de barro, melhor. Numa panela cozinhe o azeite de dendê com a cebola e o alho-poró até ficar transparente. Em seguida monte na panela o filé de tucunaré já temperado com sal e pimenta e a mandioca cozida. Acrescente o leite de coco e o tempero cajun, deixe a fogo lento a + ou – 1 hora ou até o molho ficar meio rosado. Sirva a seguir. Consagre a deusa da terra Maní.
Açaí a Moda da Roça
Sobremesa:
Leite condensado
Bolachas
Banana da terra e figos cortados
Açúcar
Mel
Água
Coloque o açúcar e o mel no fogo e espere derreter. Depois que estiver derretido, jogue água. Ele vai cristalizar, então espere derreter novamente. Quando estiver totalmente diluído, jogue a banana e o figo cortado, mexa um pouco até o açúcar grudar nas frutas, mas não até perder a característica das frutas. Reserve até esfriar um pouco. Num pilão, amasse as bolachas (qualquer uma funciona, mas aquelas sem recheio são melhores) até transformá-las numa farofa.
Numa tigela pequena, coloque o açaí congelado, jogue leite condensado por cima, depois o caldo de bananas com figos e por último a farofa. Está pronto.